Meu coração

"Meu coração, meio flor, meio de aço vai achando o seu compasso, vai cumprindo aos poucos o seu papel. Encontrando seus motivos para amar. Renovando seus motivos pra sonhar"

Pe. Fábio de Melo

            O que é o coração da gente senão uma casa? E sendo uma casa devemos sempre fazer uma faxina de vez e sempre. Como diz Iyanla Vanzant em seu livro “Enquanto o amor não vem”, devemos começar retirando da nossa casa todo o entulho e desinfetar nosso coração para prepará-lo para ser feliz. Não pensem que isso é tarefa fácil, ao contrário é difícil e dolorosa.

Quando nos apaixonamos, cedemos nossa casa (coração) para que o nosso amado estabeleça morada, aí ele chega fixa residência, e quando você menos espera sua casa está repleta das coisas dele, do perfume dele, do time dele, enfim, de todas as coisas boas e ruins que essa presença trouxe pra sua vida.

Você acaba não deixando espaço na casa, na sua vida e no seu cotidiano pra Deus, para sua família, para seus amigos. Tudo passa a girar em torno do seu amado. Tudo deixa de ter importância, até mesmo você, seus sonhos, seus prazeres, sua comida preferida, seu gosto musical, ou seja, seu amor estando feliz é o que interessa.

A dona da casa passa a ser apenas a coadjuvante, tem o menor papel e também o menor cachê. Assim vai vivendo, sobrevivendo e permitindo que a cada dia aquela pessoa a quem você dedica todo seu amor vai se tornando dono da sua casa, para onde se olha só vê as coisas dele.

No entanto, certo dia seu amado decide que não quer mais morar naquele lugar onde fixou residência e espalhou todas as suas coisas. Diz a você que está sufocado, que precisa pensar, e termina com celebre frase “ Você é maravilhosa, sua casa é maravilhosa. O problema sou eu.”

E agora? Ele pediu um tempo. Você acredita que a qualquer hora ele volte. Contudo, por mais que espere ele não volta. Muitas vezes já está residindo em outra casa.

O que você fará com tudo aquilo que ele deixou pra trás? As boas e as más lembranças? O perfume, o beijo, as gargalhadas, etc.? Você olha aquela casa bagunçada e solitária, já que você não deu muito espaço para que Deus e as outras pessoas convivessem naquele ambiente. Necessariamente precisa despejá-lo, reformar sua casa. Começar vida nova, fácil né? Que nada, praticamente impossível naquele momento.

Precisa limpar a sujeira, mas por onde começar? Aquela casa escura, sem luz, sem alegria. Você tenta abrir as janelas para o Sol entrar, mas a mágoa as emperrou, tenta acender as luzes, mas as lâmpadas estão queimadas, a roupa suja se acumula no canto do quarto.

Durante dias, meses ou até anos, você vai tentando faxinar aos poucos aquele recinto que um dia foi tão feliz pra VOCÊ. É dolorosa essa etapa, que vem acompanhada de lágrimas e sofrimento, às vezes você se cansa de chorar e para por um tempo.

Mas desistir?  Jamais.  Precisa limpar, arrumar, guardar as coisas úteis, jogar o lixo fora. Aos poucos vai conseguindo abrir as janelas deixando o Sol entrar, convidando todos aqueles que há muito não tinham espaço na sua casa para partilhar com você a alegria do recomeço.

Então sua casa está totalmente limpa. Hora de reformá-la, trocar o piso, pintar as paredes com as suas cores, decorar a seu gosto, ouvir sua música, cozinhar aquilo que seu paladar aprecia.

Como já dizia William Shakespeare,

“...O tempo é algo que não volta atrás.

Por isso plante seu jardim e decore sua alma.

 Ao invés de esperar que alguém lhe traga flores ...

            Agora esta é a sua casa, onde Deus e seus amigos poderão estar sempre presentes, num ambiente lindo e aconchegante.

Viva você recuperou sua casa!!!!

Mas não se esqueça, quando acontecer de alguém chegar à sua vida, não permita que bagunce novamente seu lar, que afaste seus amigos e principalmente que ocupe o lugar do amor de Deus. Não viva para o outro, viva para si, e quem porventura optar por fazer parte da sua vida e merecer habitar seu coração tem que respeitar seus limites.